Devido aos atrasos de pagamento, bolsistas do Corufal paralisam

Diante de mais um atraso de pagamento, os bolsistas do Coro Sinfônico da Universidade Federal de Alagoas (Corufal) decidiram paralisar suas atividades. O DCE Quilombo dos Palmares apoia esta iniciativa e a luta pela valorização da arte. O Corufal, nos seus 40 anos de existência, conquistou com muito esforço dos seus integrantes - formado majoritariamente por ex-servidores da UFAL, além de pessoas da comunidade alagoana, visto que o coro é uma atividade de extensão - o reconhecimento internacional pela qualidade do seu trabalho na área do canto coral.

De 2013 pra cá, este aparelho cultural conta também com a participação de 30 bolsistas que foram submetidos a um processo de seleção. A incorporação destes estudantes foi resultado de muita reivindicação e luta da comissão do coro. No entanto, nos últimos meses, assim como centenas de outros, os bolsistas do Corufal estão sofrendo com os atrasos de pagamento. É hora de impulsionarmos uma luta unificada dos bolsistas da UFAL, nas suas mais distintas modalidades. Afinal, se o governo Dilma tem dinheiro para a copa do mundo, tem que ter para assistência estudantil.

Segue, na íntegra, a notificação de paralisação dos bolsistas do Corufal:

Desde o início do ano de 2014, os bolsistas da UFAL e do Coro Sinfônico da Universidade Federal de Alagoas, em particular, vêm recebendo suas bolsas com um atraso para além de duas semanas. E, pior, a gestão parece naturalizar esta situação, como se o atraso não causasse sérias implicações na manutenção dos estudantes nas suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Os mecanismos de controle da frequência dos bolsistas, em contrapartida, funcionam com eficiência e criam uma situação de visível dicotomia.

Se a fria redação do decreto n.º 7.234/10 estabelece que o Plano Nacional de Assistência Estudantil deve minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais e assegurar a permanência dos jovens na educação superior pública federal, a realidade mostra-se diferente.

Levando em conta todos os gastos com moradia, alimentação, transporte, inclusão digital, cultura, materiais pedagógicos, etc., o atraso no pagamento das bolsas é inaceitável. Vale salientar, além disso, que vivemos numa cidade onde o passe livre estudantil no transporte coletivo ainda não é um direito conquistado e frequentamos uma universidade onde os alunos do Espaço Cultural, por exemplo, veem negado o direito de se alimentar num restaurante universitário.

Neste contexto, os bolsistas do Coro Sinfônico da Universidade Federal de Alagoas, reunidos no dia 19 de maio de 2014, RESOLVEM:

a) Paralisar suas atividades até a regularização do pagamento de todos os bolsistas deste aparelho cultural;

b) Condicionar o retorno das atividades ao firmamento de um termo de compromisso com o seguinte caráter: que os bolsistas da Proest e Proex, nas suas mais diversas modalidades, sejam dispensados de suas atividades a cada situação de atraso de pagamento sem prejuízo na frequência e só retornem às atividades no primeiro dia útil após a efetivação do pagamento.

Maceió, 19 de maio de 2014.